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A Diferença Entre o Pobre e o Rico - Volume 1

Autor: Edigles Guedes Quão grande é a diferença: O pobre com sua crença Nada tem de rico valor. Já o rico sem detença, Vale-se de sua herança, Tem cá dinheiro sem pudor! O rico, quando ele nasce, O pai solta o paletó. Acende um longo charuto. Cai feliz como um potó. A mãe embala e profere: — Vai dar nó no mocotó; Vai dar nó no pingo d’ água. Ele com pobre abolacha. Dá uma pisa de monstro, Há pouco, desentarraxa Tampa de pote sem graça.   Ele sobe em quem se agacha. O pobre, quando ele nasce, Abre o berreiro e dá dó. O bebê chora o dia inteiro Tanto e tanto que dá nó. A freguesia logo diz: — Eta, nasceu um bocó! Maldito é esse nascimento: As lágrimas correm muitas. Alagam doze cidades, Uns baldes em sua desdita! Caí logo de braços dados Co’ a doce e renhida luita. O rico, quando se apruma, Empina o nariz ferino. Sequer pisa o pé no chão. O terno, sempre grã-fino, Empolga-se com altivez. Outro...

A Outra Mulher que Enganou o Diabo

Autor: Edigles Guedes Neste mundo tão caduco, Não existe Mané esperto, Sem outro mais que sabido. Portanto, agora, alerto: Ai, do esperto sem sabido! Ai, sabido sem acerto! Noutras distantes freguesias, Havia um homem muito pobre, Em seus bolsos não cabiam Moedas de prata ou cobre. Subsistia numa penúria De se estabacar tresdobre. Em certa noite enluarada, Visitou encruzilhada. Enterrou pote bojudo, Com sangue e uma cusparada, Com contrato que detinha Linhas tortas assinadas. E bradou todos os gritos: — Se o Diabo entregar riquezas, Muito dinheiro: cédulas — As maiores das redondezas; Moedas gordas e redondas; E propriedades; destrezas. Darei a meu beneplácito A minha alma destemida. Mas, por mais que clamasse, Nenhuma voz foi ouvida. Não sentiu calafrio em gula, Nem lhe tocou pele álgida. O homem, então, já meia-noite, Voltou pra casa de taipa. Arrependeu-se em demasia. Um canhim meteu-lhe a ripa, Sem n...