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A Outra Mulher que Enganou o Diabo

Autor: Edigles Guedes Neste mundo tão caduco, Não existe Mané esperto, Sem outro mais que sabido. Portanto, agora, alerto: Ai, do esperto sem sabido! Ai, sabido sem acerto! Noutras distantes freguesias, Havia um homem muito pobre, Em seus bolsos não cabiam Moedas de prata ou cobre. Subsistia numa penúria De se estabacar tresdobre. Em certa noite enluarada, Visitou encruzilhada. Enterrou pote bojudo, Com sangue e uma cusparada, Com contrato que detinha Linhas tortas assinadas. E bradou todos os gritos: — Se o Diabo entregar riquezas, Muito dinheiro: cédulas — As maiores das redondezas; Moedas gordas e redondas; E propriedades; destrezas. Darei a meu beneplácito A minha alma destemida. Mas, por mais que clamasse, Nenhuma voz foi ouvida. Não sentiu calafrio em gula, Nem lhe tocou pele álgida. O homem, então, já meia-noite, Voltou pra casa de taipa. Arrependeu-se em demasia. Um canhim meteu-lhe a ripa, Sem n...

O Cavalo da Estrela de Ouro na Testa

  Autor: Edigles Guedes Uma velha, sem boa letra, Tinha três filhos de Nhoé: O primeiro era Seu João; O segundo era José, Homem manso e suado; Homem brabo e aguado, O terceiro era Manoé. O velho tinha uma roça Co’ arroz e feijão no pé. Certo dia, topou em sua casa Com um triste canapé, Que lhe dizia do bagaço Dum passeio de feio mormaço, Em sua roça e no sopé. Certo bicho cabeludo Enfeitou belo roçado. Com sua peraltice e dengo, Comeu arroz e feijão alado. Botou banca em plantação, Sacudiu terra em danação, Aproveitou o bom bocado. O velho Nhoé, malogrado, Olhou de viés, cuspiu sua ira. E disse, assim, à mulher: — Se pego com minha mira De bacamarte certeiro, De malvado maloqueiro Arranco do couro a tira! Ele falou aos botões, Em tom azedo e amarelo: — Onde estão nossos meninos Para me valer em duelo? Um cabra danado desses Merece uns erres sem esses, Merece prego e martelo! Veio José, ave...