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Mostrando postagens de fevereiro, 2016

O que tem na Feira de Salgueiro

Autor: Edigles Guedes O que tem acá na feira Da cidade de Salgueiro? Mutuca que não cutuca; Uma pimenta-de-cheiro, Que fede, numa catinga, Mais do que suor de restinga, Mais do que pai de chiqueiro; Um feijãozinho com fraldas; Um arroz com mamadeira; Boi que não muge em roçado; Sol que dança a noite inteira; Jumenta do caritó; Peitoral do mocotó; Uma morena faceira; Toco pra amarrar seu jegue; Vil carroça de melancia; Caroço de faca cega; Vã semente de arrogância; Bruta sorte de caipora; Gruta morte de adutora; Cruel carruagem da ganância; Fogos de tais malefícios; Casca de lobisomem; Couro de siá borboleta; Mulher quer virar homem; Homem quer virar mulher; Faca quer virar colher; As nuvens que se somem; Marido que é pai-gonçalo; Esposa falsa ao marido; Quenga de cansado rabo; Chifrudo passeia a cavalo; Ursos se ajuntam de tuia , Todos no banho de cuia; Marimbondo bem florido; Tem muito pau de dar em d...

A Balançar o Galho da Roseira

Autor: Edigles Guedes Um estrondo pipocou tão ligeiro… Foram fogos pra todos os lugares; Explosão de bomba troou pelos ares. Foi bala de canhão, voando maneiro; Foi bala de trovão, no alvo certeiro. A minha sogra caiu duma ladeira; Estabacou-se o frosquete na feira. De canastra para baixo ela caiu. — Foi barulho do meu sogro, que saiu A balançar o galho da roseira. Uma fumaça amarela voou, voou. Um grande tremor abalou essa terra, E soou como a queda de enorme serra. Velha tinha certeza que sonhou. Será que o mundo mudo desabou? Minha sogra ficou numa tonteira, Espichou aquela cara de leseira, O semblante da magrela descaiu. — Foi barulho do meu sogro, que saiu A balançar o galho da roseira. Famílias ficam sobressaltadas; De par em par, abrem brancas janelas. Escondem as ventas nas suas baixelas. Nos quartéis, com pernas amareladas, Sentinelas bradam amarguradas. Dizem que foi bufa de feiticeira; Quem sabe, de velha catimbo...